terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais uma linda resenha do livro "A Escolha de Cada Um" pelo blog Romance Gracinha:

setembro 14th, 2010 | Vivi | 3 Comentários#comments">3 Comments

Por evocar imagens e conceitos tão particulares, certos livros requerem leitura minuciosa. Frase por frase, palavra por palavra. Comigo aconteceu assim.

O livro se estrutura em duas partes. E não há capítulos. Cabe ao leitor decidir por si mesmo quando deve interromper ou prosseguir a leitura. Bem apropriado ao contexto da obra. Aliás, integralmente feita para intensificar sua mensagem. Sinal de muito zelo.

Então temos a capa. A imagem do olho cor de esmeralda parece revelar esperança. Fiz uma associação imediata com a simbologia do olho como espelho da alma e também com a mitologia. Porém, meio incerta quanto às implicações da descoberta, iniciei a leitura a fim de testar as hipóteses.

A primeira parte do livro nos apresenta um evento inusitado: o próprio livro que eu tinha em mãos me contava a sua história. A sua gênese e os desdobramentos da sua existência até sagrar-se Best Seller. A história que conta de si mesmo é comovente. Linda!

Conheço alguns insólitos narradores. O defunto Brás Cubas e a Morte, aquela mesma que contava uma história que eu devia para ler, são alguns deles. Livros-personagens nunca vi. Não que eu me lembre. A minha maior surpresa foi a de perceber que o narrador-livro falava de mim. Assim como acontecera a Richard, a Suzan, a Rachel e a tantos outros, encontrei a mensagem do livro dentro de mim mesma. E assim é a leitura. Feita do que sabemos.

Livros assim são de um valor inestimável!

A primeira parte é a preparação do que há por vir: Anna.

Sua vida, seus sucessos, suas perdas, suas escolhas.

Executiva bem sucedida, mas com um vazio imenso dentro de si, Anna ignora que a vida lhe reserva grandes bênçãos. Ela é a figura emblemática da era exponencial em que vivemos. Muito trabalho, muito afã por sucesso, também muito medo e insegurança. Essa conta não pode dar certo. O saldo negativo pesa. E Anna o sabe bem ainda que não compreenda a razão de tanto medo de amar. Aos poucos, descobre-se: estar ausente ou presente é uma questão de escolha. Uma conquista diária. E quando age, Anna descobre uma vida nova e um novo amor. Não sem mistérios e beleza, devo dizer.

A impressão que tive da demora para que a mudança na vida de Anna acontecesse, foi um ponto marcante na leitura. A impaciência, tão característica de nossos dias, queria ditar o ritmo da narrativa. Por fim, compreendi: a sucessão de eventos se dá em conformidade às emoções de Anna. Muito bem sacado, Regina Monge! E o fim da história demonstra que vale a pena esperar.

Falando em final, humildemente, peço licença para discordar de um pensamento dito no finalzinho do livro: “Somos pequenos deuses com poderes”. Que fique bem claro: em nenhum momento da história há a negação da condição e da natureza humana. Contudo, acredito que frases, como a citada acima, falam às convicções pessoais. Respeito as convicções e crenças diferentes das minhas. A minha intenção não é a de ser doutrinária, porque não é esse o propósito do blog. Por outro lado, ler é também discutir as idéias do autor como em um diálogo. Por isso, em resposta, digo: Dadas as limitações próprias da condição humana, dado o nosso sentir finito e moral, o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. O poder humano tem origem divina, sim, uma vez que todo poder vem de Deus, mas não creio que sejamos deuses.

Isso posto, ressalto a beleza da narrativa. O seu caráter universal diz respeito a todos nós. É o que eu chamo de livro de sentimentos. Enquanto algumas histórias fazem com que nos afastemos por alguns momentos da realidade de nossa vida, A escolha de cada um de Regina Monge nos mantêm lá. Fala do que muitos já sabem, mas do que poucos sentiram.

Não posso encerrar sem mencionar o roteiro de viagem escolhido por Anna: Petra. Situada no berço do mundo! A cidade rosa! Terá algo a ver com a capa? Fui de carona na viagem e aprendi tanta coisa a boa. Lugares como Petra explicam muito da criação e do mundo. Metafórica ou literal, essa é a viagem! Com direito ao romantismo no pacote.

Voltando à capa, estou quase certa de que minhas hipóteses não são de todo infundadas. (Regina Monge disse que realmente não são ;D)

Boa leitura!

PS: Agradeço imensamente a Regina Monge e também a Lili, querida amiga, pela oportunidade de desfrutar de tão rica leitura. Essa conexão não foi por acaso

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